terça-feira, 5 de abril de 2011

Sufoco da Vida


Hoje venho aqui pra falar de uma coisa que eu mesmo fiz.
Sufoco da Vida é um documentário que mostra a banda Harmonia Enlouquece. Eles estão longe de ser uma banda normal. O diferencial do documentário é mostrar como a música pode atuar diretamente na melhoria de vida do ser humano. Nesse caso ajudando pacientes psiquiátricos a tolerarem o tratamento e suas doenças incuráveis.

Me sinto mais à vontade neste post, com mais liberdade de falar e não errar, pois é de parte de mim que falo. Quando digo que "eu fiz" não penso só em mim, porque devo muito a toda a equipe que trabalhou neste projeto. Devo a eles a fé que depositaram na minha idéia, e a vontade de ajudar e contribuir.

Ouvi falar da banda Harmonia Enlouquece por uns amigos que assistiram um show deles após um debate na UFF, na ocasião eu até estava lá, mas tive que sair antes do debate acabar.
Após ouvir o CD da banda fiquei impressionado com a sonoridade e as letras viajantes do Hamilton, e é claro que também com a história da banda contada por meus amigos.
Nesta época eu estava no 3º período da faculdade de Cinema, fazendo entre outras a matéria de documentário. Foi pedido para os alunos apresentarem projetos de documentários, e os melhores seriam escolhidos pelos próprios para serem realizados. Apresentei a idéia já com o título de Sufoco da Vida, nome de uma música, praticamente o "hit" da banda. Aliciei um ou dois que não tinham outra opinião, e convenci mais umas sete pessoas a se agregarem à minha equipe.
Era meu primeiro filme, e eu estava dirigindo e aprendendo ao mesmo tempo.
Claro, para isso que serve a faculdade.

Me dediquei muito a esse projeto, e convivi alguns dias com os pacientes psiquiátricos. Não de maneira forçada, mas de maneira natural, criando assim laços com eles.
Muito pude aprender neste tempo que lá fui. Tudo feito sem preconceito, tratando as pessoas como elas merecem ser tratadas.
Deixei que os pacientes guiassem o filme, afinal eu queria que eles dissessem o que sentiam, era o ponto de vista deles, e não o ponto de vista de um estranho que vê de fora.
Muitas vezes me foi negado o que eu pretendia fazer. Eu aceitava.
E outras vezes uma idéia foi trazida por algum dos intregrantes da banda, contribuindo pro filme.
Muito louco todo esse processo. Eu aprendia a fazer, a me questionar. Os professores me ajudavam a seguir um caminho próprio, me ajudavam a fazer um bom caminho próprio...
Em algumas vezes eu me sentia tão à vontade no Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro que dá saudade agora só de lembrar...
A conversa com eles beirava o sobrenatural. Às vezes algumas palavras saíam e eu percebia que não éramos nós que regíamos o que estava a acontecer...
Tudo isso tentei refletir na edição, etapa feita com o maior cuidado do mundo.

O filme participou de várias mostras e festivais pelo Rio de Janeiro e outros estados.
Ganhou inclusive dois prêmios no 17º Gramado Cine Vídeo: Melhor Vídeo Social, que foi a categoria que ele concorreu, e Melhor Vídeo Universitário escolhido pelo Júri, que é a junção de todas as categorias.
Mas o maior prêmio ao meu ver foi quando eu voltei lá no CPRJ para mostrar o vídeo a quem dele participou. Após a sessão acompanhada por todos, pacientes e médicos, me veio a grande notícia: Eles me disseram que já tinham participado de várias gravações, mas naquele filme está dito tudo o que eles sempre tentaram dizer. Tem sensação de dever cumprido melhor do que essa?

Aí abaixo segue o link para quem quiser ver.
E acima está a foto do melhor momento do filme, no meu entender. ;D

Nenhum comentário:

Postar um comentário